
A doença de Sjögren é uma condição autoimune crônica que tem recebido cada vez mais atenção devido ao impacto significativo que pode causar na vida dos pacientes. Trata-se de uma alteração em que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo contra infecções, passa a atacar as próprias células saudáveis, afetando principalmente as glândulas salivares e lacrimais. Como consequência, surgem sintomas clássicos como olhos e boca seca, mas a doença pode ir muito além disso, comprometendo diferentes sistemas do organismo.
Entre os sintomas mais comuns estão a sensação de areia nos olhos, dor ocular, dificuldade para falar, engolir e mastigar alimentos, além do desconforto constante de boca seca. Em alguns pacientes, esses sintomas chegam a interferir diretamente na alimentação, no sono e até na vida social. Além das glândulas, a doença também pode afetar o sistema musculoesquelético, gerando dor e rigidez nas articulações; o sistema nervoso, causando formigamento e sensação de queimação; e até o sistema digestivo, provocando episódios de dor abdominal e diarreia.
A doença de Sjögren é mais comum em mulheres, especialmente entre os 40 e 60 anos, embora possa surgir em qualquer idade ou sexo. O diagnóstico costuma ser feito a partir da análise clínica dos sintomas, exames laboratoriais e, em alguns casos, biópsias. Como é uma doença crônica, não existe cura definitiva, mas sim um conjunto de abordagens que visam controlar os sintomas, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida.
O papel da fisioterapia na doença de Sjögren
A fisioterapia desempenha um papel fundamental nesse processo. O objetivo do tratamento fisioterapêutico é aliviar a dor, reduzir a rigidez, melhorar a mobilidade e preservar a função muscular, sempre respeitando as limitações de cada paciente.
O trabalho do fisioterapeuta é feito de forma personalizada e em parceria com médicos e outros profissionais de saúde, garantindo uma abordagem multidisciplinar. A atuação vai além da parte física, pois a fisioterapia também contribui para melhorar o bem-estar emocional do paciente, já que sentir menos dor e ter mais independência aumenta a autoestima e a disposição no dia a dia.
Técnicas e recursos utilizados
Entre os recursos mais utilizados estão:
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Terapia de alongamento e mobilidade: ajuda a preservar a amplitude de movimento das articulações e reduzir a rigidez muscular.
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Fortalecimento muscular: importante para evitar a perda de força, comum em pacientes com dores crônicas ou limitações.
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Controle da dor: uso de técnicas manuais, exercícios específicos e recursos terapêuticos para aliviar a sensibilidade e o desconforto.
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Educação postural: orientações sobre como manter posturas adequadas no dia a dia, prevenindo sobrecargas desnecessárias.
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Exercícios aquáticos: por serem realizados em piscina, permitem movimentos com menor impacto nas articulações, além de promoverem relaxamento.
Cada plano de tratamento é adaptado às necessidades do paciente, o que torna a fisioterapia uma ferramenta essencial para recuperar a autonomia e melhorar a qualidade de vida.

Benefícios da fisioterapia para pacientes com Sjögren
Os resultados mais frequentemente relatados incluem:
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Redução da dor e da rigidez articular
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Melhora da postura e da mobilidade
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Aumento da resistência física e da força muscular
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Maior independência para realizar atividades diárias
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Redução da dependência de medicamentos e dispositivos de apoio
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Melhoria significativa na qualidade do sono e do bem-estar geral
Esses benefícios se traduzem em uma vida mais ativa e com menos limitações, o que é essencial em uma condição crônica.
Convivendo com a doença de Sjögren
Receber o diagnóstico de uma condição autoimune pode ser desafiador, mas é importante compreender que, com o tratamento adequado e o acompanhamento regular, é possível viver bem. A fisioterapia, associada a outras abordagens médicas, torna-se um aliado poderoso para o manejo dos sintomas.
Além do tratamento fisioterapêutico, alguns cuidados simples no dia a dia também fazem diferença, como manter-se bem hidratado, utilizar colírios lubrificantes quando indicados pelo médico, adotar uma alimentação equilibrada e respeitar os limites do próprio corpo.
É fundamental também que o paciente esteja em contato frequente com a equipe de saúde, compartilhando suas dificuldades e conquistas. Assim, o tratamento pode ser ajustado conforme a evolução da doença e as necessidades individuais.
Conclusão
A fisioterapia na doença de Sjögren vai muito além do alívio da dor: ela representa uma ferramenta de reabilitação, autonomia e melhora da qualidade de vida. Por meio de exercícios, orientações e técnicas personalizadas, o fisioterapeuta ajuda o paciente a recuperar mobilidade, fortalecer o corpo e viver com mais conforto.
Embora a doença seja crônica e exija acompanhamento contínuo, a mensagem mais importante é que é possível viver bem com Sjögren, desde que haja uma abordagem integrada, cuidados diários e um olhar multidisciplinar para a saúde.
Com o apoio da fisioterapia, cada paciente pode encontrar caminhos para se sentir melhor, reduzir limitações e, principalmente, manter sua independência e qualidade de vida.
✍️ Autoria: Dra. Vânia Araújo – FisioCare & Saúde
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